quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Índia recomenda vacina Covaxin contra Covid-19 para crianças a partir de 2 anos


País vacinou totalmente cerca de 29% dos 944 milhões de adultos elegíveis, de acordo com dados do governo, que incluem a aplicação de mais de 110 milhões de doses da Covaxin, da Bharat Biotech. A empresa, no entanto, ainda está em processo de garantir seu nome em lista de uso emergencial da OMS


Beatriz Parente de Souza

Fonte: G1

Em: 12/10/2021



Harsh Vardhan, ministro da Saúde da Índia, segura dose da Covaxin, vacina contra Covid-19
Imagem: g1.globo.com


Índia recomendou nesta terça-feira (12) o uso emergencial da vacina contra Covid-19 da Bharat Biotech para a faixa etária de 2 a 18 anos, no momento em que o segundo país mais populoso do mundo expande sua campanha de vacinação para incluir crianças.

O país vacinou totalmente cerca de 29% dos 944 milhões de adultos elegíveis, de acordo com dados do governo, que incluem a aplicação de mais de 110 milhões de doses da Covaxin, da Bharat Biotech.

A empresa, no entanto, ainda está em processo de garantir seu nome em uma lista de uso emergencial da Organização Mundial da Saúde, uma decisão que é esperada para o final deste mês.

Sem a aprovação da OMS, a vacina de duas doses dificilmente será aceita como uma vacina válida em todo o mundo.

Vários países têm trabalhado para autorizar vacinas para crianças. Os Estados Unidos liberaram a vacina da Pfizer para crianças a partir de 12 anos e o painel consultivo do regulador dos EUA se reunirá no final deste mês para discutir a vacina para crianças entre 5 e 11 anos de idade.

Embora a Covid-19 seja conhecida por geralmente causar doença leve em crianças, existe o risco de complicações raras pós-doença.

"Crianças com comorbidades devem ser vacinadas o mais rápido possível, agora que uma vacina com imunogenicidade em crianças e um grande banco de dados de segurança em adultos está disponível", disse o Dr. Gagandeep Kang, professor do ‘Christian Medical College, Vellore’.

Índia registra 400.000 casos de covid-19 em 24 horas

 

País está abrindo a vacinação para todos os adultos diante do aumento número de novos casos. Foram 3.500 mortes neste sábado

Beatriz Parente de Souza

Fonte: Exame.

Em: 01/05/2021

Crise da covid-19 na Índia: 150 milhões de vacinas foram aplicadas na Índia e quase 25 milhões de habitantes receberam as duas doses
Imagem: exame.com


Índia anunciou neste sábado (1) mais de 400.000 novos casos de covid-19 em 24 horas, um recorde mundial, no momento em que o país pretende abrir a vacinação para seus quase 600 milhões de adultos, apesar da escassez de fármacos.

O gigante asiático registrou 401.993 novos contágios nas últimas 24 horas, anunciou o ministério da Saúde. Em abril, o país de 1,3 bilhão de habitantes contabilizou quase sete milhões de casos.

As 3.523 mortes anunciadas neste sábado elevam a 211.853 o balanço de vítimas fatais na Índia, mas especialistas destacam que os números reais são superiores.

Índia supera marca de 200 mil mortes por Covid-19

 Variante indiana do coronavirus é encontrada em 17 países

Beatriz Parente de Souza

Fonte: Correio Braziliense

Em: 28/04/2021







  


Superlotação nos hospitais em Nova Délhi, Índia.                                                                                                    Imagem: correiobraziliense.com.br


Nova Délhi, Índia - A Índia superou nesta quarta-feira (28/4) a marca de 200 mil mortos por covid-19, cuja variante local segue provocando grandes danos no país asiático e já foi detectada em pelo menos 17 países.

A Índia, quarto país com mais vítimas fatais por covid-19, atrás dos Estados Unidos, Brasil e México, superou 200 mil óbitos depois de registrar mais 3 mil mortes em 24 horas pela primeira vez, de acordo com os dados oficiais. A nação de 1,3 bilhão de habitantes, a segunda mais populosa do planeta depois da China, também registrou um grande número de contágios em apenas um dia: 360 mil.

A situação é crítica e os crematórios trabalham sem pausa: as chaminés racham e as estruturas de metal das fornalhas derretem com o calor. A lenha acabou em alguns estabelecimentos e as famílias precisam fornecer o próprio combustível.

"Começamos com o nascer do sol e as cremações continuam até depois da meia-noite", afirmou Sanjay, um sacerdote. A explosão de casos é atribuída à variante indiana e às grandes manifestações políticas e religiosas das últimas semanas.

A comunidade internacional se mobilizou para ajudar a Índia. O primeiro carregamento de ajuda médica britânica, com 100 respiradores e 95 concentradores de oxigênio, chegou na terça-feira a Nova Délhi. França, Canadá e Estados Unidos, entre outros, também anunciaram ajuda.

Variante indiana em 17 países

A variante indiana provoca muitas perguntas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que não sabe ainda se o maior índice de mortalidade se deve a uma variante mais agressiva, à situação do sistema de saúde indiano pela explosão de casos ou a ambos.

Esta variante, conhecida cientificamente como B.1.617, foi detectada em mais de 1.200 sequências de genoma em "pelo menos 17 países", anunciou a OMS, que citou por exemplo o Reino Unido, Estados Unidos e Singapura. Bélgica, Suíça, Grécia e Itália também anunciaram nos últimos dias sua presença.

"A "B.1.617 tem uma taxa de crescimento mais elevada do que outras variantes que circulam na Índia, sugerindo que é mais contagiosa", afirmou a OMS. Para evitar a propagação, vários países suspenderam ou limitaram as conexões aéreas com a Índia, como Austrália, Canadá, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e Nova Zelândia.

A Bélgica anunciou o fechamento de suas fronteiras com a Índia, mas também com Brasil e África do Sul, países que registraram outras variantes do vírus, enquanto a Espanha ampliou a quarentena obrigatória, em vigor para passageiros procedentes do Brasil, às pessoas que chegam da Índia.

A presença do vírus preocupa a Europa, no momento em que vários países começam a flexibilizar as medidas de restrição. A Holanda suspende nesta quarta-feira o toque de recolher. Nos Estados Unidos, os cidadãos vacinados não precisarão mais usar máscara ao ar livre, exceto em casos de aglomerações.

Índia: Subnotificação de mortes pela Covid-19 impede recuperação de familiares


Governo anunciou um programa de compensação de cerca de R$ 3.691 para famílias das vítimas da Covid-19, mas contagem deficiente pode impedir essas pessoas de acessar o benefício

Beatriz Parente

Fonte: CNN Brasil

Em: 09/10/2021



Índia enfrentou segunda onda brutal da pandemia. Imagem: cnnbrasil.com.br


Muitos indianos não conseguem provar que seus entes queridos morreram de Covid. E isso pode ser um problema. Enquanto a segunda onda brutal da Covid-19 da Índia devastava o país, Ankit Srivastava foi de hospital em hospital tentando encontrar ajuda para sua mãe doente, mas os hospitais da cidade indiana de Varanasi ficaram sem espaço, oxigênio, remédios, testes, tudo.

“Eles nos disseram que todos os lugares estavam péssimos, as pessoas estavam deitadas no chão do hospital, e que não havia leitos”, disse o homem de 33 anos.

Sua mãe morreu antes de fazer o teste de Covid-19.

Nesta semana, o governo da Índia anunciou um programa de compensação que forneceria 50 mil rúpias (cerca de US$ 670, ou R$ 3.691) para as famílias de quem já foi vítima da Covid-19 e de quem ainda será. Isso é mais da metade do que a maioria das pessoas no país ganha anualmente, de acordo com a estimativa mais recente do governo de renda per capita para o ano financeiro de 2019-2020.

Em teoria, o programa deveria ajudar pessoas como Srivastava, mas os especialistas acreditam que o verdadeiro número de mortos pode ser muitas vezes a contagem oficial de 450.000 – e as famílias de algumas vítimas podem acabar perdendo a indenização porque não têm uma certidão de óbito ou a causa da morte não está listada como Covid-19.

O governo indiano prometeu que nenhuma família terá uma indenização negada “apenas com o fundamento” de que sua certidão de óbito não menciona Covid-19.

Entretanto, dias depois que o plano de compensação foi anunciado, as regras permanecem obscuras, e isso está causando estresse para muitos indianos que lutam para alimentar suas famílias depois de perder a estabilidade financeira durante um dos piores surtos de Covid do mundo.








Vítimas de Covid-19 são cremadas na Índia. Imagem: cnnbrasil.com.br


Os incontáveis mortos

À primeira vista, os critérios de compensação são relativamente simples.

As famílias podem receber o pagamento se seus entes queridos morreram dentro de 30 dias após o diagnóstico da Covid-19, independentemente de a morte ter ocorrido no hospital ou em casa, de acordo com as diretrizes aprovadas pela Suprema Corte na segunda-feira (4). Eles também são elegíveis se o membro da família morreu enquanto estava no hospital em tratamento para Covid-19 – mesmo se a morte aconteceu mais de 30 dias após o diagnóstico.

Para ser considerado um caso Covid, o falecido deve ter sido diagnosticado com um teste de Covid positivo ou ter sido “determinado clinicamente” por um médico. E, para se candidatar a indenização, os parentes mais próximos devem fornecer uma certidão de óbito declarando que Covid-19 foi a causa da morte.

Para muitos na Índia, essas diretrizes representam um grande problema. Mesmo antes da pandemia, a Índia não contava todos os seus mortos.

A infraestrutura de saúde pública subfinanciada do país colabora para que, em tempos normais, apenas 86% das mortes em todo o país fossem registradas nos sistemas governamentais. E apenas 22% de todas as mortes registradas tiveram uma causa oficial de morte, certificada por um médico, de acordo com o especialista em medicina comunitária Dr. Hemant Shewade.

Esse problema se intensificou durante a pandemia da Covid, com estudos sugerindo que milhões de pessoas, como a mãe de Srivastava, não estão incluídas no número de mortos.

Em julho, o Centro para o Desenvolvimento Global dos Estados Unidos estimou que durante a pandemia, a Índia poderia ter tido entre 3,4 e 4,9 milhões de mortes a mais do que nos anos anteriores – o que significa que o número oficial de Covid-19 do governo poderia ser várias vezes menor do que a realidade.

Os números sugerem que o governo indiano subestimou o número de mortes por pandemia, uma afirmação que a entidade negou.

Mesmo que as vítimas tenham um atestado de óbito, muitas não listam explicitamente Covid-19 como uma causa, já que não foram oficialmente diagnosticadas, disse Jyot Jeet, presidente da organização ‘SBS Foundation’, com sede em Delhi, que conduziu cremações gratuitas durante a segunda onda de infecções.





 

 Indianos enterram vítimas da Covid-19                         Imagem: cnnbrasil.com.br


Em vez disso, os atestados de óbito de muitas vítimas de Covid “dizem que morreram de insuficiência pulmonar, doença respiratória ou parada cardíaca”, acrescentou.

As diretrizes afirmam que as famílias podem solicitar a alteração da causa da morte em uma certidão de óbito e afirmam que nenhuma família terá a indenização negada “apenas com base” em que sua certidão de óbito não menciona Covid-19.

Um comitê distrital analisará sua solicitação e examinará os registros médicos do membro falecido – e se eles concordarem que Covid foi a causa da morte, emitirão uma nova certidão de óbito dizendo isso, de acordo com as diretrizes.

No entanto, nenhum detalhe adicional foi fornecido sobre quais critérios o comitê usará para avaliar a causa de uma morte de meses atrás, e quais evidências as famílias precisarão fornecer.

“Isso é extremamente complicado”, disse Pranay Kotasthane, vice-diretor do instituto ‘Takshashila’, com sede na Índia, acrescentando que se o governo estiver decidido a ajudar as pessoas em vez de policiar o dinheiro, o plano poderá beneficiar as famílias.

CNN entrou em contato com o Ministério da Saúde da Índia para comentários.

Fita vermelha

Depois que o marido de Pooja Sharma morreu de Covid-19 em abril, ela se sentiu desamparada e sozinha, sem nenhuma ideia de como sustentar suas duas filhas pequenas.

Seu marido, um lojista, era o provedor da família. Mas, à medida que sua condição piorava, ele disse a ela para cuidar dos filhos.

“Não sabia como faria isso”, disse a mãe de 33 anos, que mora na capital da Índia, Délhi. “Não fui à escola e não sabia o que fazer para ganhar dinheiro.”

Sharma diz que a certidão de óbito de seu marido lista Covid como a causa, mas ela ainda pode enfrentar uma batalha difícil. O programa promete que as famílias terão sua indenização dentro de 30 dias após a comprovação de sua elegibilidade, embora iniciativas governamentais anteriores – tanto antes quanto durante a pandemia – tenham sofrido longos atrasos e burocracia frustrante.

“Comunidades desfavorecidas ou pobres são as mais atingidas – primeiro pela Covid e depois pelo sistema”, disse Jeet, presidente da ‘SBS Foundation’. Por conta dos baixos níveis de alfabetização, ele acrescentou que é “uma tarefa enfadonha” para as famílias lidar com as complicações no sistema, que inclui coletar a papelada apropriada, preencher formulários, comunicar-se com as autoridades distritais locais e fornecer informações médicas.

O censo mais recente do país, em 2011, descobriu que 73% dos indianos são alfabetizados, e o número é ainda menor para as mulheres nas áreas rurais, onde pouco mais de 50% sabem ler e escrever.

Kotasthane, o diretor do ‘Think Tank’, também se preocupa com a capacidade das pessoas de acessar os pagamentos. “O custo de obter a compensação não deve ser maior do que a própria compensação”, disse ele.

Sharma já enfrentou a burocracia do governo por causa de um programa de apoio estatal ao qual se candidatou em junho.

“Preenchi toda a papelada com a ajuda de outras pessoas. Ia aos escritórios do governo todos os dias”, disse ela. “Não ouvi nada deles. Não acho que esse dinheiro vá chegar.”

Embora ela vá se inscrever para o novo programa de compensação, ela disse que não tem certeza de receber nenhum pagamento – e de qualquer forma, não é o suficiente para compensar sua perda.

“Não sei se vou receber essa quantia em dinheiro”, acrescentou Sharma. “50.000 rúpias não vão me devolver meu marido. Minha vida não será a mesma.”

Muito pouco, muito tarde

Muitos compartilham o sentimento de desilusão de Sharma e a opinião de que a compensação oferecida é muito pequena, tarde demais.

A segunda onda traumatizou efetivamente uma nação inteira, revelando os passos em falso do governo e semeando profunda raiva entre um público que se sentiu abandonado por seus líderes.

Muitos fatores contribuíram para a gravidade da segunda onda. O governo demorou a agir e não se preparou com antecedência, levando a uma terrível escassez de suprimentos médicos no momento mais desesperador. O sistema médico entrou em colapso no pico da onda, mais de 4.000 pessoas morriam todos os dias, muitas nas ruas e fora dos hospitais que ocupavam a capacidade anterior.

A escassez também gerou um boom no mercado clandestino, que aumentou o preço dos cilindros de oxigênio e remédios. Sem a ajuda do governo à vista, muitas famílias não tiveram escolha a não ser esvaziar suas economias e pedir dinheiro emprestado para comprar bens superfaturados, na esperança de salvar seus entes queridos.

Simran Kaur, fundador da ‘Pins and Needles’, uma organização sem fins lucrativos que apoia as viúvas da Covid em Délhi, disse que algumas mulheres enfrentam dívidas enquanto cuidam de várias crianças sozinhas e sem o sustento da família.

“Elas já estão muito endividadas porque, da noite para o dia, deixaram de ganhar um salário mensal de seus maridos para não ganhar nada”, disse ela.






O hospital Sardar Patel Covid, na Índia, por dentro.                              Imagem: cnnbrasil.com.br

“Um pagamento único do governo não vai resolver tudo. Não vai educar os filhos, pagar o aluguel ou colocar comida na mesa. Pode parecer bom no papel, mas não é o suficiente.”

A compensação pode ajudar as famílias mais pobres da Índia, mas para a maioria das famílias, especialmente aquelas que perderam vários membros para Covid, “50.000 rúpias não farão nada”, disse Srivastava, que perdeu sua mãe.

Desde a segunda onda, ele e sua irmã – que estavam doentes com Covid enquanto tentavam salvar a mãe – se recuperaram da infecção. Cicatrizes mais profundas permanecem, assim como a raiva contra um governo que “quase não fez nada para se preparar para Covid”, disse ele – mas “não há outra opção a não ser se recuperar da tragédia”.

“Na Índia, as pessoas aceitam o destino, dizem que foi Deus quem fez isso, se consolam e seguem em frente”, acrescentou. “Temos o hábito de suportar as tragédias. Mas é o governo que tem que se esforçar”.

quarta-feira, 15 de setembro de 2021

O festival religioso indiano que atrai multidões em meio à devastadora segunda onda da pandemia no país

 Governo local está enfrentando fortes críticas por permitir a realização do festival Kumbh Mela — a Índia já ultrapassou 175 mil mortes por covid-19 e é o quarto país com mais óbitos relacionados ao coronavírus, atrás de EUA, Brasil e México


Beatriz Parente de Souza

Fonte: g1.globo.com

Em: 18/04/21

 

Milhões se reuniram no festival apesar do aumento de casos de covid 
Imagem:g1.globo.com




Nesta última semana, enquanto a Índia lutava com uma devastadora segunda onda do coronavírus, milhões de devotos desceram às margens do rio Ganges, na cidade de Haridwar, para dar um mergulho na água durante o festival Kumbh Mela.

Os praticantes do hinduísmo acreditam que o rio é sagrado e mergulhar nele os purificará de seus pecados e trará a salvação.

Mas o governo do estado de Uttarakhand, onde Haridwar está localizada, está enfrentando fortes críticas por permitir a realização do festival Kumbh Mela em meio a uma pandemia cada vez mais grave.

A Índia já ultrapassou 175 mil mortes por covid-19 e é o quarto país com mais óbitos relacionados ao coronavírus — atrás de EUA, Brasil e México.

Uma influente congregação hindu decidiu não participar do grande festival.

"O Kumbh Mela acabou para nós", disse Ravindra Puri, um dos líderes da congregação Niranjani Akhada, à mídia local.

A decisão veio um dia depois que Swami Kapil Dev, líder de outra congregação importante, morreu após ser diagnosticado com covid-19.


Mais 1,8 mil devotos tiveram resultado positivo em exames de covid nos últimos dias
Imagem: g1.globo.com

 

Multidões

Não está claro quantos devotos do Kumbh Mela tiveram resultados positivos em exames de covid-19 desde 11 de março, o dia em que os banhos no rio começaram.

Mas o secretário de saúde de Haridwar, SK Jha, disse que mais de 1,6 mil casos foram confirmados entre os devotos entre 10 e 14 de abril.

Há temores de que os números possam ser ainda maiores e que muitos dos que voltaram para casa possam ter levado a doença consigo para todo o país.

A Índia confirmou mais de 14 milhões de casos e mais de 175 mil mortes pelo vírus até agora. Em janeiro e fevereiro o país tinha tido uma queda acentuada no número de casos, mas com os casos e mortes aumentando novamente, os hospitais de todo o país estão relatando falta de leitos, cilindros de oxigênio e medicamentos.


Diversas cidades do país têm falta de leitos, remédios e outros insumos
Imagem: g1.globo.com


 

O aumento nos casos, no entanto, não desencorajou as pessoas de comparecer ao Kumbh Mela.

Ujwal Puri, um empresário de 34 anos, chegou a Haridwar em 9 de março armado com frascos de desinfetante, máscaras e pílulas de vitaminas.

Puri diz que esperava verificações de segurança sanitária rigorosas. Mas não houve checagens de temperatura ou pedidos de exames no aeroporto nem em Haridwar, disse ele.

Uma de suas fotos do festival mostra multidões nas margens, esperando para dar um mergulho em uma das noites. Muitas pessoas podem ser vistas sem usar máscara ou com a máscara puxada para baixo, sem cobrir a boca e o nariz.

"Não houve distanciamento social", disse Puri. "As pessoas estavam sentadas lado a lado para as orações sagradas da noite."

Ele ficou no festival por três dias e tirou a máscara em público "apenas uma vez para tirar uma selfie", disse ele. "Eu deixei nas mãos de Deus."

Quando voltou para Mumbai, Puri se trancou em um quarto e fez um exame para covid-19. "Eu moro com meus pais, então tomei todos os cuidados que pude."



Ritual religioso envolve banho no rio Ganges
Imagem: g1.globo.com

 

Evento superpropagador

Mas nem todos tem tomado essas medidas. Houve alertas de que o Kumbh Mela poderia acabar se tornando um evento superpropagador.

"O Kumbh deveria ter sido adiado", diz o historiador Gopal Bhardwaj. "Kumbh foi criado para proporcionar paz ao eu interior. Como alguém encontraria paz interior se o seu ente querido está infectado com Covid?"

Outros discordam. "Os comícios eleitorais não são eventos de super propagação? Por que as lojas de bebidas estão abertas? Elas não estão espalhando o coronavírus?", afirma Raghavendra Das, um religioso que está no Kumbh Mela em Haridwar.

A situação gera medo nos moradores de Haridwar, que temem que o fluxo de peregrinos os coloque em risco de contrair o vírus.

"Esses peregrinos voltam para casa em um ou dois dias. Mas quem sabe o que eles deixaram para trás", diz Mithilesh Sinha, morador de Haridwar.

O medo da contaminação levou Sachdanand Dabral, outro morador local, a entrar com uma ação na Justiça indiana no ano passado questionando o governo estadual sobre a possibilidade de aumento de casos.

Dabral culpou o governador de Uttarakhand, Tirath Singh Rawat, pelo aumento dos casos, por permitir que as pessoas entrassem no Estado sem controle.

O advogado de Dabral, Shiv Bhatt, fazia parte de um comitê oficial nomeado pelo tribunal que visitou Haridwar em março para avaliar os preparativos para o Kumbh Mela. Bhatt disse que os hospitais, incluindo um centro de atendimento designado a covid, não tinham condições básicas de funcionamento.

"Os banheiros e as enfermarias estavam em más condições. Não havia panelas e latas de lixo. O elevador não estava funcionando", disse ele.

Mas SK Jha, secretário de saúde estadual, disse que todas as questões levantadas no relatório do comitê já foram corrigidas.

Enquanto isso, os devotos continuam a lotar as margens do rio, muitas vezes sem máscaras e formando aglomerações, apesar da tentativa de fiscais de fazer com que as pessoas cumpram as regras de segurança sanitária.

Sandeep Shinde, um pintor de Mumbai, disse que gostou de sua experiência com o Kumbh Mela no início deste mês. Alojado em um grande salão compartilhado por cerca de 10 devotos, Shinde dormia em um colchão no chão.

"Experimentar o mergulho sagrado foi lindo. Não ouvi ninguém ao meu redor falando sobre corona. Ninguém estava falando sobre o vírus", diz ele.

 

Festivais religiosos pioraram a pandemia na Índia, diz médico brasileiro no país

 O médico disse também que os próprios hábitos culturais indianos impedem métodos de distanciamento social na Índia

Beatriz Parente de Souza

Fonte: cnnbrasil.com.br

Em: 28/04/21

Responsável por 38% dos casos globais de Covid-19 na semana passada, a Índia vive uma explosão de casos da doença. Segundo o médico brasileiro Francisco Paquet Santos, da Gujarat Ayurveda University, um dos principais motivos da piora da pandemia no país se deu por conta de festivais religiosos ocorridos nos últimos meses.

“Boa parte do aumento de casos no país se deve a dois grandes festivais religiosos que aconteceram entre fevereiro e abril. O Holi, festival religioso com manifestações mais profanas de divertimento e o Khumba Mela, de caráter mais religioso. Todos os vídeos que recebemos mostram que 90% das pessoas presentes estavam sem proteção e em grandes aglomerações,” disse Santos.

O médico disse também que os próprios hábitos culturais indianos impedem métodos de distanciamento social e que é comum ver pessoas sem máscaras nas ruas.

“Aglomerações acontecem recorrentemente em mercados públicos, hospitais e locais de comida de rua, não há gente usando a máscara corretamente nestes lugares. Na primeira onda houve mais respeito ao distanciamento por excesso de propaganda, mas não se consegue reverter práticas sociais de séculos em seis meses de propaganda.”


                              

                                 Rio Ganges, Índia
                     Imagem: cnnbrasil.com.br

Índia recomenda vacina Covaxin contra Covid-19 para crianças a partir de 2 anos

País vacinou totalmente cerca de 29% dos 944 milhões de adultos elegíveis, de acordo com dados do governo, que incluem a aplicação de mais...